ESTUDOS MIGRATÓRIOS E A AÇÃO PASTORAL NO CONTEXTO BRASILEIRO

Code: 327-488
66
273
Título

ESTUDOS MIGRATÓRIOS E A AÇÃO PASTORAL NO CONTEXTO BRASILEIRO

ISBN

978-65-5360-254-0

DOI
10.37885/978-65-5360-254-0
Publicado em

31/01/2023

Páginas Capítulos Volume Edição

202

11

1

1

Organizadores:
  • Rita Eliana Masaro

    Rita Eliana Masaro

  • Kelly Pellizari

    Kelly Pellizari

  • Alessandro Vinicius de Paula

    Alessandro Vinicius de Paula

Apresentação

Os artigos que compõem o presente livro falam por si mesmos. A bem da verdade, seja por sua experiência direta no complexo fenômeno das migrações, seja pelo olhar pastoral e ao mesmo tempo científico dos autores e autoras, eles dispensariam maiores apresentações. Além de números e cifras, trazem nomes, rostos, famílias, sonhos, mas também feridas, cicatrizes e sofrimento. Histórias, muitas histórias de fuga e busca, luta e esperança!... Por esse motivo de transparência, em lugar de tecer novos comentários a essa riqueza, ao mesmo tempo diferenciada, convergente e solidária, proponho-me a desenvolver alguns pressupostos básicos para quem atua no campo da mobilidade humana, tanto na assistência social quanto na pastoral migratória. Pressupostos que, de uma forma ou de outra, podem ser garimpados nas linhas e entrelinhas de todo livro. Todo migrante e/ou refugiado, ademais de vítima da violência e da guerra, da pobreza e da fome ou das catástrofes climáticas cada vez mais extremadas, entre tantos outros fatores, é igualmente sujeito e protagonista da história, seja ela pessoal ou coletiva. Nas motivações da saída, sempre se esconde uma brecha para uma decisão própria. “O importante é dar um passo adiante, um passo, por menor que seja”, afirma o escritor estadunidense John Steinbeck, prêmio Nobel de literatura de 1962, por sua obra-prima As vinhas da Ira (The Grapes o Wrath), que narra a saga de uma família e de todo um povo em êxodo para o oeste americano. E aquele passo ou decisão do migrante, “por menor que seja”, em última instância, confere a cada experiência migratória um caráter particular, único e irrepetível. Daí o desafio deslumbrante de mergulhar nos casos e experiências aqui narradas e estudadas onde, parafraseando Euclides da Cunha, deverá ficar claro para o leitor que “o migrante é antes de tudo um forte”. No dizer de São J. B. Scalabrini, se é verdade que os migrantes em seus caminhos tropeçam com os “mercadores de carne humana”, também é certo que a migração pode servir aos desígnios de Deus, no sentido de “alargar o conceito de pátria” e de transformar-se em porta-voz da Boa Nova do Evangelho. De fato, de forma consciente ou inconsciente, migrar tem a força e o vigor de um ato profético. Ao tomar o rumo da estrada, o migrante ou refugiado levanta uma tríplice inquietude que é, simultaneamente, uma tríplice interrogação, mesmo que nem sempre verbalizada: ele questiona de início o país de origem, o qual não lhe garantiu um desenvolvimento justo, digno e humano na própria terra natal, rejeitando-o como cidadão. Questiona em seguida os países de trânsito, em decorrência de legislações migratórias fundadas não no bem-estar dos povos e nações, e sim na ideologia da segurança nacional e nas leis do mercado que, em geral, barram, discriminam e rechaçam os migrantes, erguendo nas fronteiras “muros em lugar de pontes”, como tem repetido insistentemente o Papa Francisco. Daí a prática rigorosa da peneira e do filtro, que costuma selecionar os migrantes unicamente pela capacidade de produzir e consumir, o que relega a segundo plano os mais vulneráveis, que compõem justamente os mais necessitados. Em terceiro lugar, o migrante questiona o país de destino, no sentido de se manter aberto a novos valores culturais, mas também de criar instrumentos e mecanismos legais de acolhida e de inserção na nova sociedade. Colocando-se em marcha, o migrante faz marchar a própria história. Na fuga ou em uma nova busca, mesmo silenciosamente, exige relações internacionais mais justas e inclusivas. O encontro com o outro/estranho/diferente, longe de significar um problema, e menos ainda uma ameaça, configura-se como uma verdadeira oportunidade. Quem vem de fora sempre tem algo a nos dizer, não somente sobre ele mesmo, mas em particular sobre os que estão destinados a recebe-lo. A migração mantém vivo e ativo o intricado processo da identidade, o qual representa, dinamicamente, uma formação jamais acabada, mas em constante movimento. Tal metamorfose contínua ocorre através do encontro, do diálogo e do intercâmbio de povos, culturas e valores. Em semelhante processo, as diferenças, tanto históricas quanto étnicas e identitárias, longe de nos empobrecer, trazem consigo a perspectiva de um enriquecimento mútuo. Enriquecem, por outro lado, os países que se abrem aos novos fluxos migratórios. Historicamente, grandes cidades, países e civilizações foram construídas com as lágrimas, o suor e o sangue dos migrantes. Nesse vaivém sempre aberto e dinâmico, mesclam-se e se fundem fatores negativos e positivos. Esse terreno ambíguo, carregado de tragédias, sem dúvida, mas potencialmente transformador, vem retratado pelos autores e autoras dos artigos aqui reunidos. Nele é que devem atuar a pastoral e os movimentos sociais, sempre em reciprocidade com os migrantes/refugiados. Alfredo J. Gonçalves, cs

Licença

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Licença Creative Commons

O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade, são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es). É permitido o download e compartilhamento desde que pela origem e no formato Acesso Livre (Open Access), com os créditos e citação atribuídos ao(s) respectivo(s) autor(es). Não é permitido: alteração de nenhuma forma, catalogação em plataformas de acesso restrito e utilização para fins comerciais. O(s) autor(es) mantêm os direitos autorais do texto.

11 Capítulos

Capítulo 1

THE PROTAGONISTS OF THE PASTORAL CENTER FOR MIGRANTS OF CUIABÁ - MATO GROSSO

MASARO, R. E.
PELLIZARI, K.
LEITE, N. G. N.
ALVES, E. L.
10.37885/221211534
Capítulo 2

A INTEGRAÇÃO SOCIOLABORAL DO CIBAI MIGRAÇÕES: A EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO SOCIAL PARA EMPREGABILIDADE DE MIGRANTES

Marmontel Braga, Leonardo
10.37885/220910274
Capítulo 3

DIMENSÕES PSICOSSOCIAIS DA MIGRAÇÃO: UMA PROPOSTA DE ACOLHIMENTO PSICOLÓGICO PARA O CENTRO DE PASTORAL PARA MIGRANTES EM CUIABÁ - MATO GROSSO

MINARI, A. S. R.
ROSA, B. M. P.
MASARO, R. E.
10.37885/221211407
Capítulo 4

A EXPERIÊNCIA DO RETORNO DE BRASILEIROS/AS QUE EMIGRARAM PARA O PARAGUAI ENTRE AS DÉCADAS DE 1960 A 1980

Gnoatto, Vanucia
10.37885/221010380
Capítulo 5

NUANCES DO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO IDENTITÁRIA DOS IMIGRANTES HAITIANOS EM MATO GROSSO

PELLIZARI, K.
MASARO, R. E.
LOPES, M. B. A.
10.37885/221211390
Capítulo 6

ELIANA APARECIDA VITALIANO: A PRÁXIS COMO LEGADO

Amorim, Denize Aparecida Rodrigues de
Masaro, Rita Eliana
Pellizari, Kelly
Girardi, Marilete Murilari
Muñoz, Gloria María Grández
10.37885/221010491
Capítulo 7

“BALCÃO DE DIREITOS DOS TRABALHADORES”: UMA AÇÃO PASTORAL PARA O MUNDO DO TRABALHO

Masaro, Rita Eliana
Cardoso, Maryanne Parente Ferrari
Silva, Cecília de Paula Nascimento
Girardi, Marilete Mulinari
Pellizari, Kelly
de Paula, Alessandro Vinicius
Rodrigues, Rosalina Rosa dos Santos
10.37885/221211580
Capítulo 8

UM OLHAR PARA AS MULHERES MIGRANTES DE CUIABÁ - MATO GROSSO: O PROJETO CIRANDA DOS SONHOS

PELLIZARI, K.
ALBUQUERQUE, R. A. F.
10.37885/221211389
Capítulo 9

AÇÕES DE PROMOÇÃO E INTEGRAÇÃO PROFISSIONAL PARA MIGRANTES: O CASO DA PADARIA “MÃE DOS MIGRANTES”

Caris, Amanda Araujo De Souza
Xavier, Maria Luiza Teixeira
Masaro, Rita Eliana
Paula, Alessandro Vinicius
Benitez, Arlete
10.37885/221211567
Capítulo 10

PORTUGUÊS DE ACOLHIDA: PROJETO DE EXTENSÃO PARA OS IMIGRANTES EM MATO GROSSO

PELLIZARI, K.
ALVES, H. R. A.
10.37885/221211426
Capítulo 11

ACOLHIDA E ATENÇÃO AOS IMIGRANTES PELO GRUPO DE LEIGOS DA PARÓQUIA “SÃO PEDRO” EM ENCANTADO-RS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

TEIXEIRA, I. S. T.
PIETA, G.
MASARO, R. E.
VIEIRA, J. G.
10.37885/221211392