UM CISNE NEGRO NA AMAZÔNIA: O PNPB E A DENDECULTURA NO BAIXO TOCANTINS

RESUMO: A dendecultura foi trazida para a Amazônia a partir de um discurso de desenvolvimento exógeno, embasada na aliança entre o agronegócio e o estado, portanto sob a visão de desenvolvimento de Taleb (2007) constitui-se “um cisne negro na Amazônia”, ou seja, um evento não condizente com a realidade amazônica. Objetivo: O presente trabalho tem por objetivo identificar os impactos da expansão da dendecultura no Baixo Tocantins. Metodologia: Dessa forma, para se fazer tal verificação utilizou-se como metodologia a pesquisa qualitativa, em função de tratar-se de pesquisa do âmbito das Ciências Sociais, inicialmente, como ferramenta de suporte para a pesquisa de campo utilizou-se entrevista de caráter exploratório não diretiva, e a observação (QUIVY E CAMPENHOUDT, 1995; SEVERINO, 2007). Discussões e resultados: Como resultados verificou-se que a dendecultura é apontada para o campesinato amazônico como única solução plausível aos problemas vivenciados pela mão de obra campesina do Baixo Tocantins, principalmente por se tratar de uma política de estado, o Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) (RIBEIRO, NAUM, 2014). Porém essa forma de desenvolvimento tem trazido como impacto para a região diversas consequências em termos de alterações no modo de vida de populações tradicionais, dentre estas, estão alterações climáticas, mutações no espaço agrário, entrada do capital estrangeiro na região e avanço sobre territórios de povos tradicionais. Conclusão: Conclui-se que a entrada do agronegócio da dendecultura no Território de Remanescente de Quilombo de Jambuaçu, lócus da pesquisa antes da titulação definitiva possibilitou a expansão silenciosa dessa monocultura nas terras quilombolas, tratando-se de uma violação da legislação que defende os direitos de povos tradicionais, posto que esse modelo de desenvolvimento top down não condiz com o tipo modelo pertinente ao povo quilombola, impactando diretamente seu modo de vida e sua territorialidade