LAND GRAB NO TERRITÓRIO QUILOMBOLA DE JAMBUAÇU: AVANÇOS DA COMMODITY DO DENDÊ NA AMAZÔNIA

O presente trabalho se dispõe a demonstrar como a expansão da commodity do dendê na Amazônia tem contribuído para o avanço do land grab (corrida por terras) impactando diretamente povos e comunidades tradicionais como o Território de Remanescentes de Quilombos de Jambuaçu no Baixo Tocantins. A metodologia utilizada para dar suporte a pesquisa foi a pesquisa qualitativa, com visita in loco e entrevista exploratória não-diretiva, cuja entrevista se deu com sujeitos chaves como líderes comunitários, núcleos familiares do quilombo, professores, lideranças de organismos quilombolas (GIL, 2022). O referencial teórico do trabalho perpassou pela análise da política pública do PNPB (Política Nacional de Produção de Biodiesel) sob as lentes de Yves Surel (2004, p. 28) o qual faz uma abordagem cognitiva da política pública e infere que [...]fazer uma política pública não é, pois, "resolver" um problema, mas, sim, construir uma nova representação dos problemas que implementam as condições sociopolíticas de seu tratamento pela sociedade e estrutura [...]. Dentre os resultados observados verificou-se que a presença do dendê no Território Quilombola de Jambuaçu como resultado das ações do PNPB tem provocado uma serie de mutações no modo de vida dos quilombolas de Jambuaçu. No entanto esse avanço não se dá de forma pacífica e vem trazendo uma série de conflitos agrários, culminando por vezes em perdas de vidas principalmente de lideranças comunitárias, fator este que tem gerado insegurança entre os quilombolas. O presente trabalho trouxe como conclusão principal o fato de que o avanço do dendê no Território Quilombola de Jambuaçu ao longo de trinta anos trouxe faz com que a necessidades de terras para a expansão do dendê se configure em land grab (corrida por terras) gerando disputas por terras e consequentemente conflitos agrários nas comunidades do referido Quilombo.