AGROECOLOGIA NO SERTÃO: O CASO DA FAZENDA POÇO DA PEDRA NO MUNICÍPIO DE CURAÇÁ – BAHIA

O estudo foi desenvolvido na comunidade Poço da Pedra, no município de Curaçá, semiárido baiano, com o propósito de compreender o funcionamento e a sustentabilidade de um agroecossistema familiar inserido no bioma Caatinga. A região apresenta clima quente e seco, solos rasos e baixa disponibilidade hídrica, fatores que influenciam diretamente a produção. A pesquisa teve como objetivo analisar as estratégias de convivência com o semiárido e as práticas agroecológicas adotadas pelos agricultores locais, destacando seus desafios e potencialidades. Na metodologia, baseou-se em diagnóstico participativo, observações de campo e entrevistas com a família agricultora, buscando integrar dimensões ecológicas, econômicas e culturais. Os resultados apontam que o agroecossistema combina práticas tradicionais e inovadoras, como o uso de cisternas para captação de água da chuva, bioinsumos, caldas naturais, controle mecânico de pragas e o manejo sustentável da Caatinga. Entre os principais desafios identificados estão a escassez de água, o desmatamento e o assoreamento dos riachos, fatores que comprometem a sustentabilidade ambiental e produtiva. Como caminhos de fortalecimento, destacam-se o recaatingamento, a ampliação do acesso à água, o incentivo à produção comunitária e o fortalecimento dos canais de comercialização. A experiência revela que os agroecossistemas familiares do semiárido, quando baseados em princípios agroecológicos, são capazes de promover autonomia, conservação ambiental e segurança alimentar, reafirmando a importância da agricultura familiar como estratégia de resistência e sustentabilidade no território da Caatinga.