BAIXA DIVERSIDADE GENÉTICA EM CENTROS DE REPRODUÇÃO DO TAMBAQUI COLOSSOMA MACROPOMUM NO BRASIL: UMA REVISÃO

A perda de diversidade genética provocada pelo processo de domesticação merece atenção, pois além de prejudicar as populações domesticadas, representam uma ameaça à diversidade genética das populações naturais. Neste sentido, esta revisão faz uma síntese das pesquisas sobre diversidade genética em populações selvagens e cultivadas de Tambaqui (Colossoma macropomum), espécie neotropical nativa das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, de grande relevância na piscicultura nacional e da América Latina, sendo o peixe nativo que mais se cultiva no Brasil. Os resultados evidenciam que a baixa diversidade genética em populações cativas de Tambaqui já vem sendo reportada há pelo menos duas décadas, consequência do processo de domesticação, já que a maioria dos peixes utilizados para fundar o plantel de reprodutores dos centros de reprodução de Tambaqui no Brasil, foram provenientes do estoque do Centro de Pesquisas Ictiológicas Rodolpho von Ihering, Estado do Ceará, desenvolvido a partir de 74 alevinos capturados no alto Amazonas, em 1972. Soma-se a essa origem comum, a ausência de manejos genéticos eficientes nos centros de reprodução. O nível de polimorfismo genético é crítico, a ponto de serem recuperados, a partir de um fragmento hiper variável da região controle do DNA mitocondrial, apenas um haplótipo em análises com espécimes de pisciculturas de centros de reprodução localizadas em diferentes estados brasileiros. Com base nessa revisão, é urgente o repovoamento dos centros de reprodução com indivíduos de ambiente natural, especialmente de áreas de hot spots de diversidade e a adoção de manejo genético dos reprodutores, no sentido de renovar e manter melhores índices de variabilidade, garantindo o potencial adaptativo das populações.