ABAIXO A FAROFA! EXCLUSÃO "LEGITIMADA" EM TERRITÓRIOS DE PRAIA

A partir do exame de situações observadas em dois municípios do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio e Mangaratiba, o presente trabalho visa analisar os processos, configurações e interações sociais que culminaram na adoção de políticas de controle sócio territorial e restrição da mobilidade de uma prática popular: os passeios de ônibus à praia realizados por indivíduos das camadas populares nos fins de semana, também conhecidos pejorativamente como “excursões de farofeiros”. Desde o final dos anos 90, apoiadas num discurso em prol do desenvolvimento local, as prefeituras dos dois municípios vêm promovendo intervenções voltadas para a reorganização dos espaços de consumo turístico do município, que resultaram na restrição ao acesso das “excursões de farofeiros” às praias locais. A imagem negativa do “farofeiro” é usada pelo poder público como justificativa para a manipulação do território produtora de um padrão de marginalização que se apoia na privatização do espaço público. Observou-se também que as políticas de segregação dotadas – legitimadas pelo senso comum, que sustenta um discurso localista e excludente – representam apenas uma das alternativas de desenvolvimento enunciadas pelos diversos atores locais, proposta por segmentos da população que têm maior acesso às posições de poder.