Este livro, Práticas em Saúde Coletiva na Fonoaudiologia: Saberes e Fazeres em Diálogo, é um convite ao diálogo. Diálogo entre saberes entre disciplinas, entre profissionais e a comunidade. Com rigor e sensibilidade, os capítulos aqui reunidos são o resultado de um esforço coletivo para documentar e analisar experiências de formação acadêmica que integram teoria, prática e extensão e, por isso mesmo, se fazem junto a realidade pulsante das práticas clínico-institucionais no contexto do SUS, integrando áreas estratégicas como a Atenção Domiciliar, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador e gestão de serviços. Organizado por Márcio Pezzini e Leila Rechenberg, esta obra nos fala das possibilidades de parceria entre a universidade e os serviços de saúde do território, por meio do esforço coletivo na invenção de novas formas de trabalho interprofissionais. O fio condutor que perpassa diversas experiências relatadas neste livro é a Educação Interprofissional (EIP). Os textos destacam e evidenciam como o aprendizado compartilhado entre diferentes cursos da saúde é condição essencial para formar profissionais mais preparados para o trabalho em equipe, a comunicação eficaz e o cuidado centrado no usuário e na comunidade. Através de experiências de ensino, pesquisa e extensão, a obra mostra que a EIP não é apenas uma metodologia pedagógica, mas um pilar ético para a formação em saúde, fortalecendo a colaboração e a humanização. Não é apenas sobre o que a Fonoaudiologia faz no SUS, mas também, como o SUS transforma a Fonoaudiologia, por meio de práticas mais abrangentes, críticas e socialmente engajadas. É uma leitura indispensável para estudantes, docentes, pesquisadores e profissionais que buscam entender o papel estratégico e transformador da Fonoaudiologia na construção de um sistema de saúde público, universal e de qualidade. Vale ainda destacar um outro aspecto essencial nesta obra: a clareza com a qual os autores assumem que o trabalho de formação não trata apenas de transmitir um saber, mas acima de tudo, trata-se de um aprender. Um aprender a partir de um plano de experimentação, troca e colaboração. Talvez esse seja o maior valor dessa obra e o que faz com que as marcas produzidas por esse processo de produção de pensamento e de prática de cuidado em saúde, possam se expandir para debates mais amplos sobre formação do profissional de saúde e promover mudanças também em nossos projetos pedagógicos, estruturas curriculares e de criação de novas metodologias de ensino e pesquisa. Que as marcas dessas experiências sigam ressoando e inspirando novos diálogos. Vera Lucia Ferreira Mendes Profa. Assistente Doutora da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC-SP