TRABALHO, GÊNERO E SUBJETIVIDADE: VIVÊNCIAS FEMININAS EM PROFISSÕES MASCULINAS NA PERSPECTIVA DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO

O objetivo deste estudo é compreender as vivências na realização do trabalho por mulheres em profissões culturalmente classificadas como masculinas à luz da Psicodinâmica do Trabalho. Os constructos prazer, sofrimento e reconhecimento da Psicodinâmica do Trabalho são apresentados neste trabalho com base em Dejours (1998; 2004; 2022; 2014). Além de contribuições de Eagly e Wood (2016), Anker (1998), Watts (2009) e Teixeira et al (2021) sobre a teoria dos papéis e sociais e segregação ocupacional de gênero. A metodologia adotada é qualitativa, uilizou-se o estudo de caso múltiplo, por meio de entrevistas semiestruturadas. As entrevistas foram transcritas e analisadas segundo a Análise do Núcleo de Sentidos (Mendes, 2007), fundamentada na análise de conteúdo de Bardin (1977). Os resultados revelam que, embora as participantes não tenham relatado formas explícitas de sofrimento patogênico, suas trajetórias profissionais são marcadas por desafios sutis, porém persistentes, ligados à divisão sexual do trabalho. Ressalta-se a importância da cooperação e das relações de trabalho, o julgamento e reconhecimento dos pares. Este estudo contribui para a compreensão de como as mulheres em profissões tradicionalmente masculinas enfrentam os desafios do trabalho, visando a criação de práticas que visem um ambiente de trabalho mais inclusivo e com mais oportunidade de retenção e crescimento nestas carreiras. Apresenta um vasto campo de estudo a ser explorado, visto que há na literatura uma lacuna de pesquisas que relacionem Gestão da diversidade de gênero, a segregação ocupacional de gênero e a Psicodinâmica do Trabalho.