TEORIAS E PRÁTICAS DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS NO MANEJO DA DOR DE PREMATUROS: UMA ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL



TEORIAS E PRÁTICAS DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS NO MANEJO DA DOR DE PREMATUROS: UMA ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL
Nataly Alves Cuduh
Ana Luiza dos Santos Fiebrantz
Caroline de Medeiros
Dayana Solek Ferreira
Marcos Garcia de Souza
Talita Gianello Gnoato Zotz
Arlete Ana Motter

20/02/2025
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Os prematuros, ou pré-termos, nascidos antes de 37 semanas gestacionais completas, representam um grave problema de saúde pública. Nesse contexto, somente em 2019 foram registrados 300 mil nascimentos prematuros no Brasil, além de corresponderem a 11% dos nascidos vivos durante o período 2011-2021, tornando o Brasil, portanto, o 10° país do ranking mundial de prematuridade (Brasil. Ministério da Saúde, 2022; Alberton et al., 2023). Essa problemática é crescente e está associada à necessidade de cuidados especializados e consequentemente elevado custo, necessitando de planejamento por parte da gestão pública (Martinelli et al., 2021). Dentre os cuidados que os prematuros demandam, destaca-se o ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e os procedimentos de rotina realizados, sendo muitos considerados dolorosos, como: punção venosa, do calcâneo e arterial; injeção intramuscular; intubação e extubação traqueal; ventilação mecânica; aspiração de vias aéreas; passagem de catéter; fisioterapia respiratória; realização de curativos, e entre outros, remoção de dispositivos (Rocha et al., 2021). Estudos em países de baixa, média e alta renda mostraram que em média são realizados de 7,5 a 17,3 condutas elencadas como dolorosas por dia, e descritos, em média, 75 procedimentos dolorosos durante todo o período de hospitalização dos recém-nascidos prematuros (RNPT) (Aymar et al., 2014; Rocha et al., 2021; Junqueira- Marinho et al., 2023). No entanto, essa dor experimentada pelos RNPT leva a consequências de curto e longo prazo relacionadas às alterações fisiológicas e comportamentais, ao passo que a permanência dessa sensação, ou seja, a não utilização de medidas para alívio, pode afetar o neurodesenvolvimento dos bebês com alterações motoras, cognitivas e comportamentais (Santos et al., 2021; García-Valdivieso et al., 2023). Por isso, a fim de minimizar esses danos, denota-se que toda a equipe multiprofissional que atua na assistência direta ao prematuro deve ter como objetivo principal identificar precocemente a experiência de dor e aplicar estratégias de manejo não farmacológico para o alívio, como forma de prevenção e tratamento. A dor, considerada pela Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) como 5° sinal vital, pode ser quantificada pela equipe multiprofissional por meio da observação de parâmetros fisiológicos (frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio, sudorese palmar e tônus vagal) e comportamentais (choro, atividade motora e mímica facial), ou quantificada por instrumentos multidimensionais específicos, como as escalas (Santos et al., 2012; Macedo et al., 2021). Dentre elas, a escala Neonatal Infant Pain Scale - NIPS é uma ferramenta de avaliação quantitativa da dor para recém- nascidos a termo e prematuros, sendo o instrumento mais utilizado e estudado na prática clínica. Na escala são avaliados 5 indicadores comportamentais (choro, agitação de braços e pernas, contração dos músculos da face e estado de vigília) e um fisiológico (padrão respiratório), os quais geram um escore que varia de 0 a 7 pontos, considerando-se a presença de dor uma pontuação maior ou igual a 4 (Motta et al., 2015). Já as medidas não farmacológicas para manejo da dor de prematuros consistem em ações de conforto a fim de prevenir ou diminuir a intensidade de um processo doloroso leve e as futuras repercussões desse momento. São consideradas estratégias seguras, com baixo custo, fácil aplicação e com efeito analgésico comprovado. Dentre as medidas, a literatura destaca as seguintes abordagens: Redução de ruídos e luminosidade, contenção facilitada, posicionamento otimizado no leito, método canguru, manuseio mínimo, aleitamento materno, sucção não nutritiva e glicose oral (Silva; Castro, 2014; Costa et al., 2020; Macedo et al., 2021). Diante desse cenário, infelizmente ainda são observadas lacunas no conhecimento científico da equipe multiprofissional a respeito da dor neonatal, suas consequências, métodos de avaliação e abordagens de tratamento não farmacológicas, bem como a necessidade de atuação da Política, Planejamento e Gestão em Saúde (PPGS) para mapear o conhecimento da equipe e direcionar recursos e adoção de estratégias de treinamento e atualização constante do setor. Portanto, o objetivo do estudo foi delinear o perfil sociodemográfico e mensurar o conhecimento da equipe multiprofissional sobre dor e métodos não farmacológicos para alívio da dor de prematuros, em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital público de Curitiba/Paraná.
Ler mais...Manejo da dor; métodos não farmacológicos; prematuros
CONTRIBUIÇÕES DA SAÚDE COLETIVA PARA AS REDES DE ATENÇÃO - VOLUME 1
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