RELAÇÕES ENTRE MATEMÁTICA, MÚSICA E FÍSICA NO ENSINO: DA AFINAÇÃO PITAGÓRICA AO TEMPERAMENTO IGUAL

Este trabalho tem como objetivo central apresentar uma análise dos resultados de trabalhos interdisciplinares abordando as relações entre Matemática, Música e Física na escola. Para isso, foi explorado o potencial educacional de uma pesquisa historiográfica sobre o desenvolvimento das relações entre matemática e música, bem como da acústica musical que tratava de temas tais como história das notas musicais, do temperamento igual e das possibilidades de, a partir da construção de instrumentos musicais, problematizar questões estruturantes do comportamento de conceitos envolvendo matemática, música e física. Neste ensaio, pretende-se apresentar uma breve síntese da discussão histórica abordada, relatar algumas propostas de trabalhos educacionais realizados, bem como analisar brevemente os resultados e as possibilidades de trabalhar, por meio da história da Ciência, a relação de três componentes curriculares aparentemente distantes. Lida sob uma perspectiva histórico-epistemológica, particularmente embasada na epistemologia de Thomas Kuhn, tal investigação foi especialmente focada na busca de indicadores da importância da verificação experimental na produção do conhecimento acústico nesse período. Neste sentido, foi fundamental que a pesquisa historiográfica buscasse subsídios para a fundamentação da transição de uma ciência musical centrada em um dogmatismo aritmético para uma ciência musical, que tem a verificação experimental como critério relevante de falseamento de suas teorias. Assim, defende-se, neste trabalho, que no período renascentista a acústica musical foi marcada por uma grande mudança de paradigma, no sentido kuhniano do termo.