“HÁ SEMPRE UM LADO QUE PESA E UM OUTRO LADO QUE FLUTUA, TUA PELE É CRUA”: REFLEXÕES GESTÁLTICAS SOBRE O BIOPODER EM SUAS INTERCONEXÕES COM O SISTEMA ORGANIZADO E A TEORIA DO SELF

A abordagem gestáltica apresenta o conceito de sistema organizado pormenorizado por Paul Goodman para fazer menção a um sistema centralizado de poder, constituído pela alienação contemporânea e apatia social. Enquanto isso, a teoria foucaultiana dispõe do termo biopoder para discutir sobre estratégias e táticas de controle visando constituir corpos docilizados para perpetuar normas socioculturais e promover a regulação e o gerenciamento da população. Diante disso, essa pesquisa objetiva refletir sobre as interlocuções entre a biopolítica e o sistema organizado. Para isso, utiliza-se de uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo-exploratório, pautando-se na revisão bibliográfica a partir de autores clássicos e de textos científicos dos últimos quinze anos. Assim, a pesquisa discute os seguintes aspectos: a) características do biopoder, do sistema organizado para a governamentalidade dos corpos; b) a antropologia da neurose e as críticas ao processo civilizatório; c) intersecções e fraturas entre o sistema self gestáltico e os dispositivos biopolíticos; d) propostas de resistência ao sistema organizado. Logo, destaca-se os entrelaçamentos entre os dispositivos biopolíticos e o sistema organizado, trazendo que conforme a abordagem gestáltica, há algo que fura, escapa, corta os campos de saber-poder e os ajustamentos evitativos, apresentando-se como desvios, fraturas e linhas de fuga.