FOLIAS DE REIS NA RMRJ: TRADIÇÃO E FÉ REINVENTADAS EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19

O presente artigo vem destacar como se deram as práticas devocionais de três grupos de Folias de Reis em três cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro: Itaboraí, São Gonçalo e Rio de Janeiro, no período da pandemia da Covid-19 no ano de 2020 até o mês de janeiro de 2021, observadas e analisadas principalmente por metodologias inovadoras, com os recursos das tecnologias digitais que tem nos beneficiado neste difícil período. Embora em dois momentos tenha feito essa observação in loco, obedecendo todas as medidas sanitárias recomendadas pela OMS. As Festas de Arremate e as Jornadas dos Santos Reis são para esses grupos que compõe o vasto repertório da religiosidade popular no Brasil as principais expressões materializadas que dão sentido às suas práticas rituais, permeadas por um valor simbólico que por uma ordem imaterial cultiva o sagrado que lhes traz sentido, preservando assim a memória coletiva, buscando não perder a ordem social interna que os sustenta, embora essas práticas sejam recriadas nas redes de trocas sociais entre os devotos e o lugar que atuam. Anualmente esses grupos cumprem um calendário tradicional, cultural e religioso voltado para o ciclo natalino, com cantorias, repercutindo assim a trajetória dos Reis Magos ao encontro do Menino Jesus, conforme descrito no evangelho de Mateus, e aqui introduzido pelos padres jesuítas ainda no Brasil colônia, período esse denominado de Jornada. A festa do Arremate também ocupa lugar de destaque nesse ritual, pois ela é a celebração do sucesso da jornada, momento de agradecer as graças alcançadas, os milagres concedidos e recebidos no tempo da jornada e promover o encontro entre os devotos que reafirmam diante da bandeira, que é o objeto mediador do sagrado para eles, a permanência dessa tradição.