EXERCÍCIO FÍSICO E ESTIMULAÇÃO COGNITIVA NO ENVELHECIMENTO: A ABORDAGEM DA DUPLA TAREFA

O envelhecimento populacional, impulsionado pelo aumento da expectativa de vida e pela transição demográfica, tem gerado desafios significativos à saúde pública, especialmente no que diz respeito ao declínio cognitivo. Alterações em estruturas cerebrais como o córtex pré-frontal e o hipocampo afetam funções como memória de trabalho, atenção e processamento visuoespacial, comprometendo a autonomia funcional dos idosos. Além das alterações normativas do envelhecimento, destacam-se quadros patológicos como o comprometimento cognitivo leve e as demências, sendo a Doença de Alzheimer a mais prevalente. Fatores de risco modificáveis contribuem para o declínio cognitivo, como sedentarismo, hipertensão, diabetes não controlada, isolamento social e baixa escolaridade. Em contrapartida, a prática regular de atividade física mostra-se uma intervenção neuroprotetora eficaz, promovendo aumento dos níveis de BDNF, melhora da perfusão cerebral, da neuroplasticidade e da função executiva. Ensaios clínicos e meta-análises reforçam os benefícios do exercício aeróbico e de resistência na saúde cognitiva de adultos e idosos, inclusive em casos de comprometimento cognitivo leve. O exercício em dupla tarefa, que associa esforço físico a estímulos cognitivos simultâneos, tem se destacado como abordagem promissora. Essa prática estimula adaptações neuromusculares e cognitivas integradas, com resultados positivos na memória de trabalho, aptidão física e qualidade de vida. Estudos apontam ainda benefícios em populações com demência, Parkinson, AVC e outros distúrbios neurológicos, posicionando o exercício com dupla tarefa como estratégia valiosa na promoção de um envelhecimento ativo e saudável.