ENVELHECIMENTO SUSTENTÁVEL INTEGRADO AOS JARDINS TERAPÊUTICOS: ESTRATÉGIAS DE CUIDADO PARA PESSOAS IDOSAS COM DEMÊNCIA

O acelerado envelhecimento populacional, somado às crescentes vulnerabilidades socioespaciais e aos impactos da crise climática, demanda soluções integradas que promovam o envelhecimento sustentável. O aumento de pessoas idosas com demência, aliado ao despreparo ou à ausência de agentes do cuidado, agrava esse cenário, especialmente em contextos urbanos marcados por desigualdades. No Brasil, as projeções apontam que, até 2029, o número de pessoas com 60 anos ou mais ultrapassará o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos e, até 2050, estima-se que 5,7 milhões da população idosa seja diagnosticada com algum tipo de demência. Ambientes externos, como jardins terapêuticos, têm sido implementados em instituições de cuidados, porém, muitas vezes, não consideram adequadamente os desafios sensoriais vivenciados por pessoas com demência, podendo comprometer seu bem-estar e cognição. Este estudo investigou a relação entre objetivos terapêuticos e qualidades projetuais de jardins sensoriais ao ar livre por meio de uma revisão integrativa da literatura (2015–2025) nas áreas de gerontologia ambiental, neurociência cognitiva e paisagem urbana. Dos 4.865 artigos inicialmente encontrados, 12 atenderam aos critérios de inclusão. A análise resultou na formulação de um modelo de projeto com diretrizes terapêutico-sensoriais aplicáveis ao espaço urbano. Constatou-se que jardins terapêuticos sensoriais, quando bem planejados, não apenas favorecem a saúde mental e a funcionalidade de pessoas com demência, mas também contribuem para a formação de microclimas que mitigam o estresse térmico urbano. Assim, estes espaços integram cuidado, sustentabilidade e adaptação climática, promovendo cidades mais inclusivas e resilientes ao envelhecimento.