BIOCHAR: RESGATE DE UMA IMPORTANTE FERRAMENTA NO MANEJO DE SOLOS

O Biochar ou biocarvão é obtido a partir da pirólise de biomassas, uma reação de decomposição térmica sob baixa atmosfera de oxigênio, sendo um material carbonáceo de granulosidade fina, com elevado teor de carbono (C) e resistente ao intemperismo. O histórico do seu uso remonta a origem das “Terras Pretas de Índio (TPI)”, entre 7.000 e 4.000 anos a. C., quando o biochar era produzido a partir de restos vegetais e animais, e aplicados periodicamente por povos Ameríndios Amazônicos, provocando alterações nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, que elevaram os teores de matéria orgânica estável e nutrientes como zinco (Zn), cálcio (Ca) e fósforo (P). Nas últimas décadas, o biochar tem motivado estudos sobre seu potencial na mitigação dos efeitos ligados às mudanças climáticas, devido à sua alta taxa de fixação de carbono; na filtragem e remediação de efluentes e águas contaminadas, pela adsorção de nutrientes, metais pesados e moléculas de pesticidas; reciclagem e reaproveitamento de resíduos urbanos, rurais e industriais; e como condicionador do solo, adubação orgânica, contribuindo com a organicidade e a retenção de água, ou liberando lentamente macro e micronutrientes, que tornam-se disponíveis de forma gradativa à demanda do metabolismo vegetal, além de incrementar a atividade microbiana, principalmente associações micorrízicas que podem potencializar a absorção de P e outros nutrientes. Sendo assim, se apresenta como importante alternativa no manejo de solos agricultáveis, como um insumo orgânico de alta eficiência, que pode ser empregado em modelos sustentáveis de produção.