AVANÇOS NA MODELAGEM DE NICHO ECOLÓGICO DE ESPÉCIES DE ÁREAS ÚMIDAS: CONTRIBUIÇÕES PARA A SUSTENTABILIDADE E GESTÃO AMBIENTAL

A modelagem de nicho ecológico (ENM – Ecological Niche Modeling) consolidou-se como uma ferramenta relevante para prever a distribuição de espécies frente a alterações climáticas e pressões antrópicas. Sua aplicação em espécies associadas a áreas úmidas nos Neotrópicos tem crescido, dada a alta biodiversidade e vulnerabilidade desses ecossistemas. Este trabalho revisa avanços metodológicos recentes na modelagem de espécies de áreas úmidas neotropicais, com foco na inclusão de variáveis edáficas e hidrológicas, fatores bióticos e dados genéticos. A partir de uma revisão narrativa de 50 estudos publicados entre 2017 e 2024, identificaram-se quatro eixos principais: (i) uso de dados edáficos e climáticos; (ii) estratégias para espécies pouco amostradas; (iii) integração de fatores bióticos; e (iv) maior amplitude de nicho hidrológico em espécies amazônicas. Apesar de modelos como MaxEnt, GAM e SVM alcançarem alta acurácia (AUC > 0,9), persistem desafios como viés amostral e ausência de validação empírica. A integração de dados de sensoriamento remoto, atributos funcionais e informações genéticas melhora significativamente a robustez dos modelos. Além de sua relevância preditiva, os ENMs emergem como ferramentas fundamentais para promover a conservação e o uso sustentável de áreas úmidas, contribuindo para a gestão ambiental baseada em evidências. Conclui-se que, embora promissores, os ENMs demandam avanços na qualidade dos dados e abordagens multivariadas para apoiar estratégias de conservação em áreas úmidas tropicais.