AVALIAÇÃO DE POTENCIALIDADES DE ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA EM COLINAS DO SUL – GO PARA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Relatamos neste trabalho a pesquisa-ação desenvolvida em assentamentos em Colinas do Sul (GO) para avaliar o potencial de famílias assentadas em garantir sua segurança alimentar e nutricional (SAN) ou mesmo contribuir para a SAN do município. Estudamos três assentamentos com mais de 10 anos de criação e pouco acesso a políticas públicas. Por meio da pesquisa-ação, e com base na pedagogia freiriana, interagimos por meio de reuniões, vistas, oficinas e dois cursos entre 2015 e 2019. Foram também aplicados questionários a 54 famílias, de um total de 191 parcelas. Trazemos teorias decoloniais para melhor compreender o contexto estudado. Após 2016, a ausência de políticas públicas foi marcante e a situação segue precária: poucos têm casa de alvenaria, energia elétrica e água. Com baixa escolaridade e falta de recursos, as famílias resistem e constata-se uma produção de subsistência importante, com uso de frutos do cerrado. A escassez de água é fator determinante. Conclui-se que a manutenção da produção nas condições atuais, ainda que não seja abundante e suficiente para garantir a SAN das próprias famílias, é indício forte de que existe potencial real para a produção de alimentos suficientes, no mínimo para subsistência. Ressaltamos o papel da extensão universitária e da pesquisa-ação para apoio ao processo valorização cultural, empoderamento e organização das famílias, mas a insuficiência dessas ações, diante do abandono do Estado. A cultura camponesa é marcada pela conexão com a natureza, saberes e fazeres, e modo próprio de viver, que a modernidade/colonialidade tenta deslegitimar, desvalorizar, invisibilizar, abandonando-os à própria sorte.