ARMAZENAMENTO DA MISTURA QAV-BIOQAV 10%: ENFOQUE MICROBIOLÓGICO

Os combustíveis de aviação sustentáveis, derivados de biomassas, constituem uma alternativa para reduzir a emissão de carbono, podendo ser misturados ao combustível de aviação convencional, como o bioquerosene conhecido como farnesano (2,6,10 trimetil dodecano). Neste sentido, foi avaliado a estabilidade ao armazenamento do bioquerosene quanto ao seu efeito sobre a formação de lodo biológico pelos fungos Hormoconis resinae (F089) e Exophiala phaeomuriformis (UFRGS Q4.2) na mistura com 10% de bioquerosene ao querosene. Neste estudo foram utilizados o querosene (QAV) e bioquerosene puros (BIOQAV) e a mistura com 10% de BIOQAV-QAV para avaliar o crescimento dos fungos (biomassa-mg) durante 28 dias em microcosmos (meio mineral BH e QAV; BioQAV e mistura 10% BIOQAV), avaliando-se a produção de metabólitos (pH, tensão superficial, HS-SPME-GC-MS) e a degradação dos hidrocarbonetos (GC-MS). A maior produção de biomassa pelo Hormoconis resinae foi em QAV (19 mg) após 28 dias e pela Exophiala phaeomuriformis na mistura BIOQAV-QAV 10% (70 mg) após 21 dias. A maior redução de pH da fase aquosa foi observada na condição com a maior produção de biomassa pelo H. resinae, de 7,2 para 4,3. Foram degradadas preferencialmente as frações de C9-C12 pelo Hormoconis resinae, enquanto que para a Exophiala phaeomuriformis não foi detectada degradação dos hidrocarbonetos avaliados. As ramificações nas cadeias carbônicas do farnesano podem inviabilizar a utilização pelos microrganismos como fonte de carbono. Foi observado que o bioquerosene avaliado não promoveu e nem inibiu o crescimentos dos fungos durante os 28 dias de avaliação. No entanto, a presença de bioquerosene em misturas com querosene fóssil continuará exigindo da aviação cuidados rígidos com as rotinas e Boas Práticas durante o armazenamento.