ACESSO À TESTAGEM PARA O HIV NA PERCEPÇÃO DE PESSOAS VIVENDO COM HIV USUÁRIAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Apesar de todos os recentes avanços na prevenção, no diagnóstico e no tratamento, a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) persiste como uma questão relevante à saúde pública. Hoje, estima-se uma prevalência de 0,7% na população, com um total de 39,9 milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo. Deste total, somente 86,5% (34,5 milhões de pessoas) conhecem seu status sorológico positivo para o HIV (Unaids, 2024). No Brasil, vivem aproximadamente 1 milhão de pessoas com HIV, as quais dispõem do Sistema Único de Saúde (SUS) para acesso gratuito à testagem e ao tratamento. O SUS é o principal responsável, através dos seus diferentes serviços e estratégias assistenciais, para acesso à cascata de cuidado contínuo do HIV (Rossi, 2020; Santos & Zambenedetti, 2023). Dentro da cascata de cuidado contínuo (Rossi, 2020), a testagem é componente fundamental, exercendo papel preponderante para o diagnóstico e para o acesso ao tratamento (Monteiro et al., 2019). A testagem para o HIV é, ainda, relevante estratégia para redução da epidemia, ao permitir que as pessoas conheçam seu status e iniciem a terapia antirretroviral e o monitoramento clínico. Para a UNAIDS, a testagem é um dos caminhos para acabar com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) até 2030 (Unaids, 2023). Entretanto, persistentes barreiras dificultam o acesso à testagem no Brasil e no mundo (Monteiro et al., 2019; Cota & Cruz, 2021; Unaids, 2023). Estas barreiras, que podem ser individuais, estruturais e geográficas, acarretam atrasos no diagnóstico e no tratamento e impactam negativamente a qualidade de vida e a saúde de pessoas vivendo com HIV. Assim, considerando o impacto destas questões na qualidade da assistência prestada e na vida das pessoas vivendo com HIV, torna-se fundamental investigar a percepção dos usuários do SUS sobre as barreiras associadas à testagem para o HIV no Brasil. Ao compreender suas experiências e necessidades, é possível identificar os pontos críticos do sistema, propor intervenções que visem ampliar a testagem e superar os obstáculos e facilitar o acesso ao diagnóstico precoce.