A NATUREZA DO SER: UM ENSAIO SOBRE AS RAÍZES DO COMPORTAMENTO HUMANO

Conhecer a si continua a ser o maior desafio humano, constituindo-se os segredos da mente na última fronteira a ser transposta. Para melhor entender os mecanismos que governam o nosso comportamento e as emoções que sentimos, necessário se faz retroceder no tempo para desvendar o cenário dos primórdios da evolução, época em que se estruturaram as engrenagens neuronais que hoje processam os nossos pensamentos e sentimentos. O cérebro humano não foi, de início, projetado para decifrar os fundamentos da física quântica, para desvendar a psicologia freudiana nem para compor sinfonias musicais, mas sim para favorecer a sobrevivência no ambiente agreste, para defender o território próprio e para disputar por fêmeas para acasalar. As condições necessárias para efetuar com- plexos cálculos matemáticos, para elaborar o pensa- mento filosófico ou para usufruir o deleite poético resultaram de desenvolvimentos posteriores, incorporados ao patrimônio cultural humano em época relativamente recente. Seguidas vezes nos surpreendemos com gestos que denunciam as nossas origens. A expressão “medo de arrepiar” deriva da reação instintiva de nossos ancestrais primatas que, quando acuados eriçavam os pelos na intenção de aparentar serem maiores e impressionar o oponente. Noutras vezes somos tomados por emoções que escapam ao nosso entendimento e adotamos atitudes para as quais nos falta uma explicação racional. Tais sentimentos e posturas, na maioria das vezes fora de controle consciente, vêm de impulsos forjados nos primórdios da evolução humana (um “produto das cavernas”). Por estarem profundamente enraizados e serem involuntários tornam-se difíceis de controlar ou alterar. Muitos dos nossos estados de humor, sentimentos e níveis de ativação foram definidos, como hoje ainda se mostram, pelas vantagens que conferiam à sobrevivência e à reprodução da espécie. Nas circunstâncias de então, raiva e agressividade favoreciam o enfrentamento a competidores; medo e cautela reduziam o risco de confrontos desnecessários; atração e ímpeto sexual estimulavam a procriação e o próprio prazer consumista propiciava acumular reservas para uso em situações de escassez, incorporando- se essas emoções e atitudes ao patrimônio emocional e comportamental herdado. A presente obra analisa, sob a ótica da psicologia evolutiva, as raízes biológicas das emoções e do comportamento humano, discutindo temas como: O que nos leva a ter atração por alguém? O que nos faz ter medo, raiva ou ciúme? Possuem o homem e a mulher naturezas idênticas? Somos monogâmicos por índole natural? Qual é a origem do machismo? O que nos induz à promiscuidade sexual? Por que preferimos determinados sabores, odores, cores ou paisagens? Enfim, por que somos como somos e porque sentimos o que sentimos?