VOZES SENTENCIADAS E CALADAS – O PROCESSO DA NEGAÇÃODO ÚTERO SAGRADO GESTANDO O PODER

Code: 240115572
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Título

VOZES SENTENCIADAS E CALADAS – O PROCESSO DA NEGAÇÃODO ÚTERO SAGRADO GESTANDO O PODER

Autores(as):
  • Adriana Motta Gonzaga

    Gonzaga, Adriana Motta

  • José Maria Ferreira de Oliveira

    Oliveira, José Maria Ferreira de

DOI
10.37885/240115572
Publicado em

01/03/2024

Páginas

61-70

Capítulo

5

Resumo

Desde os tempos mais remotos, os arquétipos do masculino que se referem ao guerreiro, forte e vingativo, são usados por aqueles que detêm o poder, na figura de um deus, para provocar temor e exercer a dominação e controle sobre as massas. Em muitas culturas ancestrais, esses arquétipos conviviam com os arquétipos femininos da beleza, da multiplicação, da fecundidade e da vida, e, assim, o equilíbrio entre masculino e feminino acontecia, em conformidade com a própria natureza. Num determinado momento da história humana, essa multiplicidade de deuses foi perdendo espaço para um deus único, mais poderoso, guerreiro e muitas vezes cruel, capaz de derrotar todos os outros e que representava a figura masculina do patriarcado. A Bíblia Hebraica, em seus relatos, guarda a memória de uma diversidade de deusas e deuses do panteão Cananeu. Com um olhar mais atento, é possível perceber que a construção de um ideário da divindade se deu a partir de um grande projeto de poder, que poderia ser resumido na seguinte expressão: um deus, um templo, um culto, um rei e um tributo. A conquista das Américas pelo povo europeu se deu a partir desse ideário, e, nesse sentido, grande parte da cultura e deuses indígenas precisaram ser dizimados, para que o projeto fosse implantado. Encontra-se no livro do profeta Jeremias um texto bastante peculiar e contundente; nele é relatado o antagonismo da ação da divindade “oficial” em relação à “divindade” que resistia na memória das aldeias. O texto sugere o conflito enfrentado pelo profeta ao se dirigir às aldeias em nome da divindade oficial - Jr 44,15-19. O presente trabalho tem o objetivo de argumentar sobre o projeto de poder centrado no monoteísmo e no patriarcado resultando na construção da “imagem” de Deus Macho e Todo Poderoso. Este trabalho apresenta um caráter transdisciplinar em sua metodologia, perpassando diversas áreas do conhecimento para dar bases para a discussão em questão. Mas de uma forma mais concreta, salienta-se a necessidade de uma leitura cuidadosa e atenta do texto bíblico para que seja possível identificar as memorias que foram consideradas ilícitas, apesar da grande perseguição mantiveram suas deusas libertas da “religião opressora”. trazendo à luz as deusas das culturas que ainda não perderam a ligação com suas divindades femininas, e, assim, permitindo que Javé, também, seja liberto das amarras opressoras daqueles que, em nome de Deus, justificam mortes e exclusões.

Palavras-chave

Profecia, Povos originários, Monoteísmo, Patriarcado, Deusas

Autor(a) Correspondente
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