TRANSTORNOS ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA: INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL



TRANSTORNOS ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA: INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL
Maria Lúcia Ribeiro Costa
Bruna Do Socorro Da Fonseca Dourado
Lorena Wanzeler Fortuna
Lucidalva Costa De Freitas
Luiz Felippe Ferreira Mesquita
Maria Carolina Ferreira Neves
Renata Cunha Silva
Victória Martins Lima Andrade

15/06/2020
293-300
33
Os transtornos alimentares (TA) caracterizam-se por intensas alterações no comportamento alimentar, tendo o seu prognóstico baseado em análises de características psicológicas, comportamentais e fisiológicas. Os quadros mais conhecidos são a anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN) e obesidade. Os comportamentos alimentares são definidos como respostas comportamentais ou sequenciais associadas ao ato, maneira ou modo de alimentar-se e/ou padrões rítmicos da alimentação. Esse tipo de comportamento é constituído por influências relacionadas às condições sociais, demográficas e culturais no padrão alimentar, sendo como fatores mais relevantes os costumes familiares e as informações veiculadas pelos meios de comunicação em massa. Os indivíduos no período da adolescência estão mais preocupados como peso e a aparência corporal, portanto, este público é mais vulnerável, pois está sujeito a tendências sociais e culturais que preconizam a “imagem” de um corpo magro, a qual pode levar a uma alimentação inadequada ou até mesmo a transtornos alimentares e problemas psicológicos. Quando os TA ocorrem durante a adolescência, interferem negativamente nas relações sociais e familiares, podendo ocorrer a idealização suicida. Em função da gravidade dos TA e comorbidades quase sempre associadas, o tratamento é dispendioso para o paciente e família, exigindo adaptações a múltiplas formas de intervenção como atendimento ambulatorial, semi-internação ou até internação integral, todas sob a atenção de uma equipe multiprofissional. A Terapia Ocupacional (TO), em consonância com seu campo de conhecimento e de assistência faz-se necessária na assistência de pessoas com TA, pois proporciona um espaço de vivência e discussão para os conflitos relacionados à imagem corporal distorcida, ajuda no resgate das capacidades e habilidades perdidas ou não desenvolvidas ao longo da vida, o resgate de papeis ocupacionais, motiva uma postura participativa, criativa e mais independente, tendo como foco principal o desenvolvimento da participação social e da reorganização das atividades cotidianas. As principais demandas a serem trabalhadas nos pacientes com TA são: a distorção da imagem corporal, a ansiedade, o medo engordar e a baixa auto-estima. A percepção distorcida do corpo pede que o terapeuta ocupacional intervenha diretamente neste aspecto, o cuidado deste profissional não objetiva no tratamento o ganho ou a perda de peso, mas a ressignificação da imagem corporal do sujeito, através de técnicas expressivas como a arteterapia. Deste modo, a terapia ocupacional intervém com as pessoas com transtornos alimentares com a finalidade de construir uma nova relação com seu fazer, por meio de planejar e reorganizar junto com os usuários e seus familiares suas ações cotidianas. O trabalho tem o objetivo de compreender através da revisão bibliográfica os transtornos alimentares e a intervenção do Terapeuta Ocupacional, sendo uma revisão sistemática de literatura, utilizando-se artigos do Periódicos CAPES, Google Acadêmico, Scielo, entre outros. Este trabalho está vinculado à disciplina Desenvolvimento Humano da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Através dos estudos bibliográficos, observou-se que os transtornos alimentares são mais frequentes entre mulheres adolescentes ou adultas jovens, afetando 3,2% das mulheres com idade entre 18 e 30 anos, e com uma relação homem:mulher variando de 1:6 a 1:101,4. Com isso, a maioria dos artigos estudados abordou o TA atingindo o público feminino, no entanto, percebeu-se a incidência também no sexo masculino. Os comportamentos emocionais das pessoas acometidas por TA se diferem dependendo da disfunção no comportamento alimentar, a exemplo da AN que se caracteriza pelo retraimento social, ausência de busca de sensações novas e evitação de contato interpessoal, a BN configura-se pela impulsividade, busca exacerbada de estímulos e experiências novas, além de traços de personalidade boderline e as pessoas obesas por vezes, são descritas do ponto de vista emocional como imaturas e muito sensíveis à frustração e recorrem a comida como forma de compensação do afeto que carecem. Outro ponto encontrado foram certos padrões de beleza como prediletores de sucesso profissional e social. Além de, a frequência na efetuação de dietas poder mediar a condição de fome-saciedade e a psicopatologia dos TA, bem como o ambiente social e familiar de convívio. A avaliação dos estudos explicitou que os pontos-chave desencadeadores dos TA evidenciam-se na distorção da imagem corporal e na disfunção dos mecanismos de saciedade. Podemos inferir que a prevenção de casos de TA ainda apresenta déficits na literatura, sendo este âmbito de extrema importância para a Terapia Ocupacional, pois esta engaja-se na prevenção e promoção de saúde dos indivíduos. Os achados bibliográficos mostraram que a distorção da percepção corporal encontra-se como um dos focos de possíveis aplicações de estratégias de intervenção da equipe multiprofissional focadas na redução desta distorção e na correção de alterações dos hábitos alimentares. Pois, apesar da existência de critérios diagnósticos para os transtornos da alimentação, grande parte dos pacientes não se enquadram nos mesmos, dificultando o início do tratamento multiprofissional em adolescentes.
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PSICOLOGIA: DESAFIOS, PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES - VOLUME 2
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