TRADICIONALISMO CATÓLICO E FUNDAMENTALISMO EVANGÉLICO NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO: UMA ALIANÇA POSSÍVEL?

A relação entre religião e política não é um fenômeno recente no Brasil. Mas, a crescente inserção de grupos religiosos cristãos tradicionalistas e fundamentalistas na política institucional brasileira nas últimas décadas tem chamado a atenção dos pesquisadores para a interface entre estas esferas. O tradicionalismo católico e o fundamentalismo evangélico têm defendido uma pauta comum. Fruto desta união está a eleição de Jair Messias Bolsonaro como Presidente da República, que marca a volta da ultradireita neoliberal ao poder. As duas tradições religiosas fundamentam-se na infalibilidade (da Tradição e da Sagradas Escrituras), ancoradas numa cosmovisão teocêntrica, uma hermenêutica monista, uma epistemologia essencialista e uma forte resistência a Filosofia Moderna. Historicamente, semelhanças e diferenças são visíveis entre as duas tradições, que têm sua origem na modernidade. Nosso objetivo é fomentar um debate sobre religião, teologia e política no Espaço Público e Contemporâneo. Por isso, indagamos: o que une as duas tradições, atualmente vivendo em harmonia e mesma pauta política? A partir de uma pesquisa bibliográfica, fundamentando-se em pensadores clássicos e modernos, pretendemos verificar alguns dos principais fatores que construíram está relação entre os dois grupos religiosos cristãos. Em nossa hipótese, existe uma teologia do poder de Deus legitimando a opção política das duas tradições. Acreditamos que a temática é atual e relevante para o debate sobre “Religiões e projetos de Brasil nos 200 anos de Independência”.