REQUALIFICAÇÃO DAS PRAÇAS: UMA GOVERNAMENTALIDADE DOS ESPAÇOS URBANOS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE EM FORTALEZA

A cidade de Fortaleza se insere em uma tendência global de metrópoles ao institucionalizar um conjunto de políticas de requalificação dos lugares de lazer e sociabilidade dos citadinos, promovendo novas atenções governamentais aos espaços públicos. Neste contexto, temos como objetivo analisar a política de requalificação das praças públicas da cidade de Fortaleza tendo como recorte as ações do governo Roberto Cláudio no período de 2013 a 2018. Abordamos os aspectos gerais que caracterizaram a atuação política do médico-prefeito e sua gestão na cidade. A metodologia da pesquisa foi desenvolvida tendo como referência os estudos qualitativos de Costa (1989), Foucault (2011), Leite (2008), Peixoto (2009), Carlos (2014), Barreira (2016). A partir das pistas teóricas desses autores, fundamentamos nosso percurso analítico mobilizando os conceitos de “dispositivo”, “governamentalidade” e “gentrification” como “caixa de ferramentas” para problematizar e compreender as discursividades do poder no contexto de remodelação política dos espaços públicos da cidade. A partir do programa de requalificação das praças, observamos o desenvolvimento de uma governamentalidade urbana que prescreve a positividade dos usos dos espaços e lugares públicos de Fortaleza como forma de obtenção de capitais de saúde. Verificamos que a implantação de Academias ao Ar Livre no processo de requalificação urbanística das praças revela, entre outras dinâmicas, como o discurso médico estrutura políticas urbanas operando de forma dominação legítima com base em representações e práticas de promoção da saúde.