PERCEPÇÃO DE FAMÍLIAS TRADICIONAIS SOBRE RISCOS AMBIENTAIS E DE SAÚDE ASSOCIADOS À EXPANSÃO DE CULTIVOS DE SOJA NO PLANALTO SANTARENO, OESTE DO PARÁ

Code: 220809874
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Título

PERCEPÇÃO DE FAMÍLIAS TRADICIONAIS SOBRE RISCOS AMBIENTAIS E DE SAÚDE ASSOCIADOS À EXPANSÃO DE CULTIVOS DE SOJA NO PLANALTO SANTARENO, OESTE DO PARÁ

Autores(as):
  • Nayara Luiz Pires

    Pires, N.L.

  • Carlos Martín Infante Córdova

    Córdova, C.M.I.

  • Carlos José Sousa Passos

    Passos, C.J.S.

DOI
10.37885/220809874
Publicado em

31/01/2023

Páginas

186-203

Capítulo

13

Resumo

O avanço da soja no bioma amazônico traz consigo importantes mudanças de uso da terra, com consequentes riscos de processos de contaminação ambiental tanto terrestre quanto aquática, o que por sua vez gera conflito socioambiental devido, entre outros fatores, a riscos à saúde humana de pequenas comunidades tradicionais. Assim, o objetivo do presente estudo foi o de avaliar a percepção do impacto da expansão de cultivos de soja na zona rural do município de Santarém e Mojuí dos Campos, oeste paraense, e se pequenos produtores rurais se utilizam de técnicas agrícolas implantadas em grandes fazendas de sojicultura. Para tanto, aplicou-se um questionário de forma individual para 28 pequenos agricultores tradicionais que vivem próximos a grandes lavouras de soja. Sabendo-se que a sojicultura guarda relação direta com o uso de agrotóxicos, expressivamente de herbicidas à base de glifosato, e analisando-se informações fornecidas pelos próprios agricultores, constatou-se que cerca de 82% destes agricultores não utilizam agrotóxicos e que vários deles citaram que o aumento do número de pragas estava dificultando a manutenção de cultivos orgânicos. Pouco mais de 92% dos entrevistados tem noção dos riscos à saúde que os agrotóxicos podem trazer, e diversos entrevistados relacionaram problemas de saúde com a aplicação dos agrotóxicos. A maioria (78%) alegou não beber água dos igarapés, dizendo não considerar a água própria para o consumo humano. Segundo relatos, os sojicultores não empregam os comunitários e trazem tudo de fora (e.g., pessoas e máquinas). Quase 100% dos entrevistados conhece pessoas que se mudaram dessa região, sendo que 50% das pessoas mencionadas foram associadas à busca de qualidade de vida fora da comunidade. Quanto às perspectivas de futuro, os agricultores se mostraram divididos, em geral não sabiam se a vida poderia melhorar ou piorar com a expansão da fronteira agrícola. A mudança de vida de pequenas comunidades tradicionais ficou evidenciada durante as entrevistas, onde a expansão dos cultivos de soja parecia ameaçar o modo de vida das famílias tradicionais do Planalto Santareno e indicava expressivo risco de exposição ambiental dos moradores locais aos agrotóxicos, principalmente pelas vias dérmica e respiratória.

Palavras-chave

Agrotóxicos, Contaminação Ambiental, Percepção de Risco, Planalto de Santarém, Sojicultura

Autor(a) Correspondente
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