O MARACATU E RECIFE: PERSPECTIVAS ANALÍTICAS E ESTADO DA ARTE

Neste capítulo apresentamos um panorama dos estudos científicos do século XX que abordam o Maracatu-nação em Recife- PE, nosso recorte espacial. Buscamos historicizar as representações que informam sentidos e significações dessa/para essa prática cultural, política e religiosa da diáspora negra. Os aportes teóricos utilizados para tanto consistem nos estudos da História Cultural, por meio de autores como Michel de Certeau (1982) e Roger Chartier (1990; 2002). Foram importantes ainda alguns estudos decoloniais por tomarem a colonialidade e o racismo como instituições centrais para compreender a realidade social, em especial algumas reflexões de Glória Anzaldua (2009) e Frantz Fanon (2008). Apontamos que a preocupação quanto à origem e classificações, antes tida como principal preocupação de análises aprofundadas, passa a ser integrada numa concepção mais ampla, menos redutora, desta cultura no fim do século XX. Ainda assim, problematizamos a existência de um esforço em domar e silenciar valores afro-diaspóricos presentes no maracatu-nação com base em binarismos conceituais que não correspondem à complexidade dessas práticas históricas (FIALHO, 2021).