MINERAÇÃO E CONFLITOS AMBIENTAIS: ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS DE GESTÃO DOS “RISCOS SOCIAIS” EM ONÇA PUMA

A mineração em grande escala, por seu caráter social e ambiental danoso e pelas graves violações aos direitos humanos que suas práticas têm provocado é constantemente alvo de ações de resistência e contestação social. Reconhecendo a potencialidade que essas ações têm de politizar as suas práticas e afetar os seus investimentos, as empresas têm desenvolvido estratégias de controle e neutralização que na literatura especializada são denominadas estratégias de gestão do “risco social”. Partindo da análise sobre os conflitos deflagrados pela exploração de níquel da mina Onça Puma, realizada pela Vale em Ourilândia do Norte, discutimos como a empresa se insere no território, como as populações têm reagido a essa inserção e quais estratégias de gestão do “risco social” vêm sendo adotadas pela empresa. A exploração mineral da Onça Puma enfrenta desde a sua implantação uma pluralidade de resistências motivadas por uma diversidade de danos sociais e ambientais. Além do conflito com indígenas Xikrin, a empresa tem enfrentado ações de resistência de assentados da Reforma Agrária remanescentes do PA Campos Nossos que exigem do projeto, não só, que reconheça a sua condição de “impactados”, pela desestruturação e consequente desativação do assentamento, como também, desenvolva um plano de indenizações e deslocamento coletivo. Analisar a resposta da empresa a essas constantes ações de contestação social nos remete ao debate sobre novas práticas empresariais de poder e dominação preexistentes à ocupação territórios.