MARÉ - MULHERES EM ACOLHIMENTO, REFLEXÃO E ESCUTA: EXPERIÊNCIAS COMUNITÁRIAS DE RESISTÊNCIA COM MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DURANTE A PANDEMIA

As relações de gênero compõem o processo de subjetivação de cada sujeito, tornando o machismo parte estruturante da sociedade. Nesse sentido, esta não é uma problemática individual, mas coletiva. Nesse cenário, o presente relato de experiência visa apresentar discussões sobre o Projeto de Extensão MARÉ - Mulheres em Acolhimento, Reflexão e Escuta, durante a pandemia da COVID-19, com enfoque nos usos da raiva proposto por Audre Lorde como possibilidade de ruptura com o fatalismo problematizado por Martín Baró. O MARÉ se constitui como um grupo comunitário pautado nos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicologia Social Comunitária e dos Estudos Feministas, que consideram os atravessamentos da interseccionalidade. Tem como objetivo promover um espaço de cuidado, resistência e fortalecimento de vínculos entre mulheres que passaram por situações de violência. Durante os anos de 2020 e 2021, quinze mulheres foram acolhidas pelo grupo na modalidade online. Com base no trabalho realizado durante esse período, foi possível perceber que, em um cenário nas quais as vulnerabilidades existentes foram intensificadas, o grupo se revelou como um espaço de escuta e validação da raiva, viabilizando o seu compartilhamento e tecendo redes de apoio. Além disso, percebeu-se a importância da reinvenção das formas coletivas de resistência que potencializam a autonomia e a garantia de direitos às mulheres.