INCIDÊNCIA DE BULLYING EM ADOLESCENTES E SUA AUTOPERCEPÇÃO SOBRE O PAPEL QUE DESEMPENHAM

Bullying se caracteriza pelo comportamento agressivo contra vítima(s), realizado intencionalmente, repetidamente e com desequilíbrio de poder. Nos episódios de bullying encontramos vítima(s), agressor(es) e testemunha(s), embora não seja fácil identificar precisamente estes personagens, pois a motivação da agressão ou submissão, bem como a autopercepção sobre o papel desempenhado por jovens em situação de bullying é dinâmica. Entretanto o binômio stress-violência provoca baixo rendimento escolar, impacto negativo no desenvolvimento e prejuízos graves e prolongados na saúde mental do adolescente. OBJETIVO: Verificar incidência de bullying escolar e autopercepção do adolescente quanto ao seu papel no bullying. MÉTODO: Foi aplicada a Escala de Avaliação do Bullying Escolar (EAB-E) a 507 alunos (11 - 17 anos), de escolas públicas/privadas. Resultados: Foram detectados 161 envolvidos: 35 vítimas, 110 agressores e 16 vítima-agressores. Quanto à sua autopercepção, alguns estudantes se reconheceram como vítimas (11), agressores (18), vítima-agressores (3). DISCUSSÃO: O conceito de bullying perpassa um viés cultural. Em áreas de violência cotidiana, bullying é desprezado, pois os modelos aprendidos são o padrão de normalidade. O adolescente em formação de identidade não se identifica/aceita em situação de bullying. A posição de vítima não é reconhecida, pois, acostumados a enfrentar agressões passivamente, não percebem violência. A ambiguidade da agressividade atesta poder, mas também traz rejeição social e dificulta o reconhecimento de sua atuação pelo agressor. Vítima-agressores sofrem violência, mas a reproduzem automaticamente com jovens mais novos. CONCLUSÃO: Foi identificada incidência de bullying em adolescentes e notou-se que a autopercepção sobre seu papel no bullying parece distorcida e/ou equivocada.