HUNGBÊ E SUAS PRÁTICAS NUM TERREIRO DE CANDOMBLÉ

RESUMO: Esse artigo tem por objetivo analisar as práticas educativas desenvolvidas no cotidiano de um terreiro de candomblé, assim como explicitar como se deu o processo de construção e transmissão desses saberes culturais. Fundamentadas na tradição, hierarquia, oralidade e ancestralidade, as práticas educativas no seio social destas comunidades circulam sob diferentes nuances: o culto aos ancestrais, as músicas e vestimentas, a beleza poética das danças de deuses, a riqueza simbólica dos mitos e rituais pertinentes ao culto, o sentido da ética e da ecologia que impregnam a vida cotidiana de uma casa de candomblé. Analisar esta temática é contribuir para com a História Cultural que se tem oferecido cada vez mais como campo historiográfico aberto a novas conexões com outras modalidades historiográficas e campos de saber. Com uma abordagem qualitativa, a metodologia utilizada fez uso de um levantamento bibliográfico assim como o uso da História Oral por meios de entrevistas semiestruturadas para dar voz bem como coletar dados empíricos e registrar a memória no quesito práticas educativas dos adeptos (iniciados) da religião de matriz africana. Os resultados obtidos evidenciaram as noções de saber, oralidade, hierarquia, poder e experiências como fundantes da cultura educativa no candomblé. Concluímos que o hungbê no candomblé é construído de maneira processual e está centralizado nas relações sociais, no cotidiano de um terreiro por meio da circularidade dos saberes ancestrais e na valorização destes saberes provenientes das tradições históricas desta cultura.