EFEITOS DA TRANSIÇÃO FLORESTA/PASTAGEM SOBRE A DIVERSIDADE DE AVES DE SUB-BOSQUE NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA

Avaliamos como a conversão de floresta para pasto interfere na estrutura das assembleias de aves no sudoeste da Amazônia brasileira. Capturamos as aves no período de 16 a 18 de novembro de 2017. Utilizamos 10 redes de neblina instaladas em linha contínua no interior da floresta e 10 redes em um enclave de pastagem adjacente. Com esforço amostral de 300 horas/m², capturamos 122 indivíduos distribuídos em 31 espécies de aves. No ambiente de floresta foram capturadas 23 espécies (74,2%), e no ambiente de pastagem foram oito espécies (25,8%). A curva de rarefação indicou que o ambiente de floresta possui mais espécies do que o amostrado e uma tendência à estabilização para o ambiente de pastagem. As aves com maior percentual de captura no ambiente de floresta foram o rendadinho (Willisornis poecilinotus) e o uirapuru-de-garganta-preta (Thamnomanes ardesiacus), enquanto que no ambiente de pastagem foi o tiziu (Volatinia jacarina). Os perfis de diversidade, guildas alimentares e morfometria revelaram diferenças significativas entre os ambientes de floresta e pastagem. Os resultados indicaram uma perca significativa de diversidade e de funções ecológicas no ambiente de pastagem. As alterações ambientais transformando florestas biodiversas em pastagens afetam a diversidade de aves colocando em risco a sobrevivência de espécies endêmicas e/ou raras dependentes de ambientes florestais no sudoeste da Amazônia.