DUAS NARRATIVAS DE UMBANDISTAS: CONSIDERAÇÕES INTERSECCIONAIS

Este ensaio propõe-se a analisar duas narrativas de umbandistas residentes no município de Cuiabá. Um dos episódios é narrado pela dirigente de um centro espírita; outro, é relembrado por uma das autoras deste trabalho. A análise destas narrativas destaca a perspectiva das vozes femininas, uma vez que interseccionalidades de gênero e raça-etnia frequentemente operam em episódios de violência religiosa. Para melhor proceder esta análise, buscamos fundamentação teórico-metodológica em autoras como Angela Davis, Lélia González e Silvia Federici. No esforço de evitar a reprodução de práticas de invisibilização e silenciamento das mulheres durante a pesquisa, procuramos ressaltar o protagonismo das narradoras em suas próprias histórias. Consideramos que os episódios narrados expõem a violência religiosa sofrida especialmente por mulheres e pessoas negras, guardando importante relação com o patriarcalismo e o racismo estrutural vigentes em nossa sociedade.