DEMOCRACIA DELIBERATIVA E ARENAS DE DELIBERAÇÃO: UM LONGO CAMINHO NA GERAÇÃO DE COESÃO SOCIAL, CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO

As recentes crises globais denotam que as sociedades capitalistas estão lidando, cada vez mais, com intensos conflitos socioeconômicos, étnicos e culturais, que acentuam sucessivamente o rompimento da coesão social e da sensação de pertencimento, aumentando gradativamente as desigualdades socioeconômicas que permeiam o Brasil e o mundo, sobretudo em tempos de pandemia e de extremismo político-ideológico. Com foco no âmbito das desigualdades e do acirramento da heterogeneidade que compõem as sociedades globais, devido à globalização, o presente ensaio busca estabelecer um diálogo por meio da Teoria do Reconhecimento para compreender como o reconhecimento das desigualdades pode contribuir para a geração de coesão social, cidadania e desenvolvimento em um ambiente democrático mais justo. A principal conclusão é de que a criação de espaços de interação e debate público entre diferentes cidadãos, também chamados de arenas de deliberação, podem promover a igualdade e atuar como um dos principais pilares da justiça igualitária, e apesar deste projeto muitas vezes parecer uma utopia para alguns, algumas práticas atuais têm apresentado importantes resultados para a aquisição de consenso e cooperação, tornando rico o debate e a geração de práticas e de inovação institucional em vários locais do mundo, com ou sem crise, desde que todos parâmetros sejam pensados e os incentivos à participação estejam presentes. Portanto, tanto a democracia deliberativa quanto a democracia representativa caminham pari passu, e o funcionamento de uma justiça igualitária nas arenas deliberativas pode, sim, funcionar de forma satisfatória.