CORPOREIDADE E ETARISMO

O objetivo deste estudo é discutir o preconceito em relação aos indivíduos em idade adulta avançada. Trata-se de um estudo teórico que procura estabelecer uma interface entre as concepções psicanalíticas freudianas e as sociológicas, especialmente, as de David Lê Breton, em relação “a corporeidade”, a fim de se abordar o preconceito de idade como fenômeno cultural e social. O corpo é motivo simbólico e objeto de representações e imaginários. Nesse sentido, são atribuídos ao indivíduo diferentes rótulos de acordo com valores e crenças coletivas durante seu ciclo de vida. Enfatiza-se que a elaboração de termos como “melhor idade” constituem-se em sintomas sociais velados do processo de desvalorização dos indivíduos em idade avançada. Considera-se que defesas primitivas são acionadas para administrar ansiedades e inadequações relativas ao envelhecer: negação, evitação, divisão e identificações projetivas e introjetivas. Assim, o que é percebido como mal, feio, fraco e impotente caracterizam “o Grupo-Não Eu” (“The Not Me Group”), e neste caso, os “velhos”, enquanto o que é bom, saudável, bonito, poderoso caracteriza “o Grupo-Eu” (“The Me Group”), ou seja, os “jovens”. Expurgar do “eu grupal” as partes tidas como repugnantes e inaceitáveis para outro grupo acarreta inúmeros prejuízos para o existir individual e coletivo. Ressalta-se que a mídia atua no sentido de “organizar-manipular” a opinião pública. Assim, intervenções na tríade “pensar, sentir e agir” devem contar com os meios de comunicação para o estabelecimento de novas compreensões a respeito do processo de envelhecimento e em relação aos indivíduos em idade avançada.