CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NA AGRICULTURA FAMILIAR: CAMINHOS PARA A TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA NO BRASIL

O presente artigo refere-se a análise da implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF) em propriedades do Assentamento Rural de Sumaré e em área da Cooperativa da Agricultura Familiar e Agroecológica de Americana (Cooperacra), localizados nos municípios de Sumaré e Americana, respectivamente, no Estado de São Paulo, Brasil e sua contribuição para o processo de transição agroecológica e construção do conhecimento. A metodologia se baseou no Estudo de Caso e como instrumento de pesquisa utilizou-se o Grupo Focal e o Diário de Campo. Como resultados, observaram-se mudanças sociais na organização dos agricultores e nas tomadas de decisões, bem como na paisagem, nas áreas de SAF e no entorno, onde também foram aplicados princípios agroecológicos na produção. Em Sumaré os quatro agricultores participantes do projeto se organizaram e receberam a certificação orgânica e a Cooperacra avançou no processo de transição agroecológica, partindo de um sistema de produção de horticultura orgânica intensiva para um sistema agroflorestal biodiverso. A construção do conhecimento foi percebida a partir das práticas de manejo incorporadas pelos agricultores em seus agroecossistemas, pela introdução do componente arbóreo, até então visto como algo incompatível com a agricultura. A partir das metodologias participativas, pode-se redesenhar os agroecossistemas baseados em saberes tradicionais, trazendo autonomia e diminuindo a dependência de insumos externos, pela sinergia e interações positivas advindas da biodiversidade introduzida. Os resultados demonstram a viabilidade e potencialidade dos SAF no processo de transição agroecológica para uma agricultura mais sustentável.