CINEMA DE SERTÃO: A CONSOLIDAÇÃO DE UM GÊNERO ESPECÍFICO

Ao longo de mais de 70 anos, é notável no cinema brasileiro a frequência de abordagens sobre o Sertão em suas obras. Desde O cangaceiro (Lima Barreto, 1953) e O canto do mar (Alberto Cavalcanti, 1952), centenas de filmes de longa-metragem de ficção já fizeram uso dessa abordagem. Um montante tão vasto de objetos voltados para espaços similares – o semiárido e a caatinga nordestina, com suas culturas, pessoas e peculiaridades – acabou por estabelecer um conjunto de elementos muito próprios de narrativas voltadas especificamente a essas geografias. O presente texto visa listar esses filmes e apresentar os principais elementos de linguagem que nos permite observar a formação e consolidação de um gênero cinematográfico específico. Para isso, serão apresentados relatos de cineastas, resultados de análises fílmicas, assim como crítica de processo a respeito da elaboração dessas obras. Coletados ao longo de mais de 10 anos de pesquisa, esses elementos permitem demonstrar a existência de um cinema essencialmente próprio da cultura brasileira.