AS VOZES DO MEU OUTRO EU: A AUTORIA IRÔNICA-POLÍTICA DE JOSÉ SIMÃO NA FOLHA DE SÃO PAULO

Objetivo: Este trabalho objetiva analisar a configuração da autoria na coluna assinada por José Simão, para o caderno “Caderno Ilustrada” do jornal Folha de São Paulo, e de modo específico revelar a ressonância de vozes enunciativas em duas colunas de variedades assinadas pelo jornalista. A hipótese é a de que José Simão dá vida à figura discursiva “Macaco Simão”, sujeito responsável pelo discurso jocoso, distinguindo-o do autor-pessoa: o escritor real. A ironia explícita nos textos do “Macaco Simão” configura-se em uma estratégia de autoria que revela e deflagra temas atuais e polêmicos, como política, entretenimento, etc. Para subsidiar a análise apresentada, Fundamentamos-nos teoricamente na noção de autoria de Bakhtin/Volóchinov (1979), Bakhtin (2010), atrelada a manifestação de diferentes vozes enunciativas em textos, como reflete Bronckart (1999). Metodologicamente, este trabalho recorre às pesquisas qualitativa e interpretativista aplicadas aos textos: “Lula e Alckmin selaram aliança com selinho, o problema é o narigão” (2022); “ Bolsonaro, o filho da Putin, devia ter sido jogado na Ucrânia em visita à Rússia” (2022). A ressonância de vozes de diferentes sujeitos do discurso, no gênero coluna de variedades, assinado por José Simão revelou como o autor, figura discursiva, dialoga com diferentes discursos, consubstanciando a crítica social e política do que é enunciado não pelo jornalista, mas pelo outro “Macaco Simão”. Os resultados apontam que o “Macaco Simão” é a voz social, portadora da significação do discurso irônico, sujeito responsável pela estética autoral que personaliza a coluna de variedades escrita para o jornal Folha de São Paulo.