AMEAÇAS AO PATRIMÔNIO GENÉTICO DA AGRICULTURA FAMILIAR

As sementes representam um importante insumo para produção de alimentos, desde a domesticação das plantas com o surgimento da agricultura. O avanço da ciência ocasionou profundas transformações na produção de alimentos no mundo, sendo que, no modelo capitalista, as empresas multinacionais passaram a dominar o setor agrícola, passando a controlar a produção dos insumos, máquinas e implementos agrícolas. As sementes transgênicas são um dos frutos da Revolução Verde, que, junto com um pacote tecnológico, entraram nos países ditos em desenvolvimento, inicialmente de forma irregular. A cultura do milho, por exemplo, por ter polinização cruzada aberta, tem sido a que mais tem registrado contaminação das variedades crioulas. Muitos guardiões de sementes de milho estão vendo seu patrimônio genético se perder por conta do alto nível de contaminação. Mediante tais pressupostos, o presente estudo teve como objetivo avaliar em que medida tem ocorrido a contaminação de sementes crioulas em uma região cada vez mais ameaçada com o avanço da fronteira agrícola no Semiárido brasileiro. Os resultados evidenciaram que a contaminação das sementes de milho crioulo tem crescido no decorrer dos anos, em decorrência da falta da própria realidade estrutural e da condição ambiental dos camponeses do Semiárido, da ausência de barreiras e regras de coexistência entre as variedades transgênicas e crioulas, bem como, da falta de informação e de orientação sobre as sementes geneticamente modificadas. Portanto, uma forma de reverter essa situação pode ocorrer a partir da elaboração de uma legislação de conservação da agrobiodiversidade e de políticas públicas que busquem preservar, conservar e valorizar a agrobiodiversidade, a cultura e os ecossistemas locais.