A PESCA COMEÇA NA MATA: A BIODIVERSIDADE VEGETAL E A CONFECÇÃO DE APETRECHOS DE PESCA NO TERRITÓRIO DAS ILHAS DO MUNICÍPIO DE CAMETÁ-PA

Os saberes e fazeres da pesca envolvem e costuram multiplas dimensões do território, desde os rios até as florestas. Nas águas é fundamental conhecer a dinâmica dos rios, furos e igarapés, bem como, os locais de pesca e hábitos dos animais a serem capturados. Das florestas, o conhecimento acerca da biodiversidade vegetal enquanto matéria prima para a confecção de utencílios e apetrechos é herança cultural que marca históricamente as relações entre as populações tradicionais e o ambiente. Nesse sentido, o presente texto tem por objetivo discutir as interações estabelecidas entre as pessoas, as águas e florestas no contexto da confecção dos principais apetrechos de pesca de origem vegetal utilizados na região das ilhas do município de Cametá. Essa pesquisa abrangeu quatro comunidades localizadas na região de ilhas do município: Jorocazinho, Mapiraí de baixo, Pacuí de cima e Juba de cima. O diálogo com os interlocutores sobre o objeto dessa pesquisa foi realizado a partir de entrevistas semi-estruturadas e aplicação de questionários enviados por meio de aplicativo de mensagens. A pesquisa identificou quatro apetrechos ou utencílios produzidos a partir de matéria prima-vegetal utilizados na atividade pesqueira nessas comunidades: Matapí, Parí, Caniço, Cacuri e paneiro. para a confecção desses apetrechos foram citadas nove (09) espécies vegetais: Miritizeiro, Timbuí, Jupatí, Cipó de púida, Paxibeira, Babaçú e Açaizeiro. A partir dos diálogos estabelecidos com os interlocutores foi possivel perceber a confecção dos apetrechos de pesca enquanto uma prática que entrelaça profundamente no território o aporte cultural e a biodiversidade.