A (IN)VISIBILIDADE DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

A violência contra a mulher por parceiro íntimo se configura como um grave problema de saúde pública ainda invisível nos serviços de atenção primária à saúde dada sua complexidade sociocultural. Nesse sentido, a detecção do fenômeno requer dos profissionais que atuam na APS, leitura crítica da ordem societária de desigualdade de gênero. O presente estudo objetivou analisar a (não) detecção da violência contra a mulher por parceiro íntimo a partir das percepções dos profissionais de uma Unidade. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cuja coleta de dados se deu por meio de um grupo focal com profissionais pertencentes à equipe mínima de uma unidade de saúde. Após a análise do grupo focal, destacaram-se três categorias de análise: 1) a (não) identificação da violência contra a mulher; 2) correlacionando a violência contra a mulher com demanda de saúde mental; e 3) a falta de uma rede articulada de apoio às mulheres em situação de violência. Constatou-se que há dificuldade na identificação de casos de violência contra a mulher devido ao modelo de atenção adotado pelos profissionais, pautado em ações imediatistas voltadas para os sintomas fisiológicos, que desconsidera a ordem societária patriarcal e o enfrentamento da violência sob a perspectiva intersetorial.