A FILOSOFIA COMO EXERCÍCIO ESPIRITUAL EM PIERRE HADOT: REPENSANDO O ENSINO FILOSÓFICO COM VISTAS À AUTONOMIA E À EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL DE ALUNOS NO ENSINO MÉDIO.

A pesquisa intitulada A Filosofia como exercício espiritual em Pierre Hadot: Repensando o ensino filosófico com vistas à autonomia e à emancipação intelectual de alunos no ensino médio alcança o tema referente aos objetivos da educação básica brasileira na atualidade e, em específico, o espaço destinado à filosofia e ao seu ensino sob o prisma da emancipação. Diante de um problema apresentado a partir da experiência do professor-pesquisador, esta investigação passou a admitir a hipótese de uma determinada filosofia, considerada modo de vida e explicitada por meio dos chamados exercícios espirituais, contribuir para a autonomia e para a emancipação intelectual dos sujeitos, graças à (trans) formação que eles podem ensejar”. Para enfrentar a questão-problema, propôs-se uma revisão de literatura que permitiu uma aproximação entre conceitos filosóficos extraídos do pensamento de Pierre Hadot, na obra Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga (2014a), com outras ideias encontradas em O mestre ignorante – cinco lições sobre a emancipação intelectual (2002), de Jacques Rancière, sem deixar de lado o aporte de outros pensadores, como Michel Foucault e Walter Omar Kohan. A investigação, estruturada sob a forma de uma pesquisa-ação em virtude do intento de solucionar ou amenizar a situação descrita, se debruçou sobre a compreensão de conceitos-chave, como os de exercícios espirituais e emancipação intelectual para, a partir deles, discutir a possibilidade e a viabilidade de alguns exercícios espirituais contribuírem para a autonomia dos sujeitos, no caso específico, de alunos e alunas da primeira série do novo ensino médio da educação básica, objetivo principal do estudo. A relação teoria/empiria foi evidenciada por meio de uma ação educativo-filosófica executada na Escola Estadual Querubina Silveira, em Cerro Corá/RN, cujos procedimentos se pautaram na articulação entre os conceitos trazidos na pesquisa e as ações e pensamentos dos(as) alunos(as) integrantes do estudo, os(as) quais foram submetidos(as) às práticas espirituais de Pierre Hadot. Dessa experiência, foram construídos os dados necessários para a fase seguinte: a análise dos resultados. Em sede conclusiva, observamos a possibilidade de um reposicionamento da filosofia no contexto escolar e o seu fortalecimento graças ao protagonismo dos(as) estudantes durante a investigação e, sobretudo, devido às reflexões oportunizadas pelas práticas realizadas nas sessões/aulas da ação educativo-filosófica, somadas ao surgimento de novos olhares acerca dos temas trazidos à discussão, culminando em uma verdadeira experiência filosófica. Em linhas gerais, esta investigação se apresentou como instrumento para compreensão da realidade educacional brasileira, no que toca especificadamente ao ensino filosófico, e para a transformação não só da situação-problema descrita.