A FICÇÃO NA “PENUMBRA” DA HISTÓRIA: A CONSOLIDAÇÃO DO ROMANCE HISTÓRICO NO SÉCULO XIX

O romance histórico é um subgênero que emergiu entre os leitores e escritores através do romancista escocês Walter Scott. Dado seu caráter híbrido, a matéria histórica apresentada no romance não pode ser considerada como mero pano de fundo, mas ser constitutiva do meio e do caráter das personagens. Para tanto, o escritor deveria ter conhecimento do período histórico ficcionalizado, no afã de estabelecer narrativas verossímeis. No Brasil, o romance histórico constituiu um dos mecanismos interpretativos do passado nacional, uma vez que os romancistas ficcionalizaram o período colonial à luz do viés romântico. Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo investigar a consolidação do romance histórico a partir da crítica literária brasileira produzida no século XIX. A problemática incide na relação entre História e Literatura direcionada à compreensão do romance histórico como suporte de difusão do conhecimento histórico. Os resultados aproximam o romance histórico à perspectiva da história magistra vitae, uma vez que ao subgênero exigia-se um caráter instrucional, como bem anotou um leitor anônimo de O Garatuja, romance de José de Alencar. O modo de figurar personagens e cenários contribuía para a constituição de imaginários históricos com propósitos políticos como prescritos pelo viés romântico. Circunstância que explica o jaez instrucional do romance histórico brasileiro, que participou da elaboração de uma cultura histórica direcionada a conformação identitária do país.