A CONSTRUÇÃO LITERÁRIA E OS SABERES HISTÓRICOS E CULTURAIS EM IRACEMA, DE JOSÉ DE ALENCAR, NA RECEPÇÃO DE FRANKLIN TÁVORA

Alencar, no prólogo da primeira edição de Iracema, lançada em 1865, endereçando ao amigo Dr. Jaguaribe, tratou acerca do volume que lhe havia endereçado, remetendo às “reminiscências da infância avivadas recentemente” e afirmando que “O livro é cearense”, que nele se debruça sobre sua “terra natal, canta as suas lendas, sem metro, na rude toada de seus antigos filhos”. Interrompendo a carta, apresentou o “argumento histórico da lenda”, indicou que em notas apontaria “alguns outros subsídios recebidos dos cronistas do tempo” e da “tradição oral”, “fonte importante da história”. Por fim, ao terminar a narrativa e expor as notas explicativas, retomou a conversa com o político conterrâneo, na “Carta ao Dr. Jaguaribe”, contando-lhe como e por que escreveu Iracema a partir da ideia de aproveitar aquelas lendas e tradições em alguma obra literária e que o fez numa “experiência em prosa”. Assim, a obra abarca representações culturais de práticas cotidianas presentes nas tradições orais, memórias, histórias e cultura brasileiras. De tal forma, busca-se, neste artigo, ater-se à recepção crítica do referido livro por meio das cartas de Franklin Távora a José Feliciano de Castilho, publicadas na revista Questões do dia, entre 1871 e 1872.